Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Friday, October 20, 2006

Sobre a Música e o que Ela se tornou

Essa eu encontrei no blog De Inverno, mantido pelo Ivan Santos e pela Adri Perin, grandes pessoas lá de Curitiba. O Ivan, aliás, faz parte do OAEOZ, ótima banda (a essas alturas você já ouviu, né ZP?) que sucedeu o Dusty, que tinha ele, Igor Ribeiro e Rubens K (benzadeus!!), caras sobre quem pretendo esccrever em breve. Mas primeiro, leiam o que o Ivan tem a dizer.

A MÚSICA ACABOU
O título acima pode parecer exagerado e incongruente pra alguém que toca em uma banda, tem um selo independente, produz um festival e respira música mesmo quando não a está ouvindo ou fazendo. Mas é exatamente assim que eu tenho me sentido ultimamente às vezes em relação a essa coisa que a princípio eu não dava a menor importância, mas que a partir de um momento invadiu a minha vida de tal forma que ocupou praticamente todos os espaços vazios. Mas o fato é que o excesso banalizou a música de tal maneira que hoje eu as vezes me sinto enfastiado dela, e não consigo mais ter aquela relação de êxtase que antes tinha com essa coisa tão importante e tão presente no meu dia a dia. É aquele lance, hoje em dia as vezes você só quer ir num boteco sentar pra tomar uma e conversar com os amigos. Mas os caras não querem saber, tem que colocar alguma música, de preferência num volume bem alto e em um aparelho de som horrível que deixa tudo estridente e inaudível.Além disso, esse lance de internet e mp3 e tal agravou ainda mais esse processo. É claro que por um lado isso é ótimo, pois hoje você tem acesso a coisas que de outra forma difícilmente alcançaria ou porque custaria os olhos da cara ou porque simplesmente jamais chegaria até você. Mas por outro lado, parece que nunca a gente teve acesso a tanta coisa, e nunca houve tanta desinformação e indiferença. É claro que eu também me deslumbrei e sai baixando um monte de coisa que eu queria e outras que eu nem conhecia e tal. Mas a verdade é que ninguém (ou será que sou só eu) consegue absorver tanta informação direito. Sinto saudade daquele tempo em que você ficava esperando um ou dois anos pra tua banda preferida lançar um disco novo, tinha que esperar mais um tempo praquele disco chegar nas lojas da tua cidade, economizar uma grana e ir lá pegar aquele bolachão em vinil, com aquela capa grandona e quando colocava aquilo na vitrola e a agulha começava a girar, putz, era como se um novo mundo se abrisse na tua vida. Hoje, eu tenho um monte de cds e dvds com mp3s em casa, mas na maioria das vezes quando eu realmente quero ouvir alguma coisa que eu gosto, acabo voltando nas mesmas músicas e bandas. Sim, tem muita coisa nova legal, e eu gosto de descobrir coisas novas, mas é cada vez mais raro que elas me despertem aquele sentimento forte que eu tinha e ainda tenho com determinadas coisas.


Eu passei por isso também. No curto período em que tive banda larga (nem micro em casa eu tenho mais), entrava numas de baixar tudo que sempre tive a mínima curiosidade de ouvir. Tudo que me parecia remotamente interessante. E gravei vários CDs com essas coisas. A maioria deles tá encostado hoje em dia. Por quê? Porque, mesmo que sejam bons, não tive o devido tempo de escutá-los de fato. Aquela coisa de ouvir com calma, puxar o encarte da caixinha e ler ficha técnica e letras, sacar qual música te engana e qual te pega pra valer. E depois de um tempo, o excesso me cansou. Todo mundo parecia ter virado expert em música, mas a verdade é que a enorme maioria só arquivava MP3s e empilhava CD-Rs, sem qualquer ligação emocional ou mesmo artística com o que está dentro deles. Até ditos “críticos de música”, dessa nova geração de jornalistas de Bizz, internet e correlatos, fazem parte desse rol.
Na música, existe um sentimento de afinidade entre ouvinte e a música em si que não pode ser barateado. Não que a música tenha que ser de difícil acesso pra valer a pena. Mas aquela expectativa do disco sair, correr atrás de quem comprou primeiro para ouvir na casa do cara, passear pelas lojas “namorando” álbuns que vão virar amigos queridos ou objetos de ódio e arrependimento, isso tudo faz parte de uma experiência artística, sentimental e, acima de tudo, pessoal, que não pode ser barateada como o ato de tirar água da torneira. Penso que isso vale para qualquer arte, dos quadrinhos ao teatro, com as devidas adaptações pertinentes às características de cada um. Mas é por aí. Eu jamais me adaptaria a ler um gibi on-line.
Diz um certo senso comum entre fãs de rock dados ao anedotário que Mick Jagger e outros caras do mesmo naipe caíram na viadagem porque o “acesso” às mulheres tornou-se tão fácil e desprovido de sentido, que acabou por tirar toda a graça e o prazer da coisa. Esses “compartilhadores” estão fazendo exatamente isso.

3 Comments:

Blogger fernando lalli said...

Não lembro se foi o Lulu Santos ou o Caenato Veloso que disse recentemente que "há música demais no mundo".

Eu assino embaixo.

7:42 PM

 
Blogger Flávio Jacobsen said...

daí, velho de guerra? como tá a vida? escreve aí uma carta, mermão... tb tô sem computador em casa, e sem sentir falta... muita coisa, tava viciado nisso aqui... agora, a calmaria de novo... manda notícias, leozão... tamo na área...
abs,
flávio jacobsen

11:15 AM

 
Anonymous Anonymous said...

Ah, ainda bem que tem mais gente que pensa assim... Eu achava que eu tava ficando velha e chata... Heheheh.

10:59 AM

 

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