Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Tuesday, February 06, 2007

Santos

Às vezes os dias só tomam suas idéias e você precisa conversar com alguém, com quem quer que seja, só para o que dia não te seqüestre para a rotina e a autocomiseração.

Há dias em que todos os Provérbios da Bíblia parecem cheios de sentido e você quer vivê-los todos, mas não consegue porque – claro – você não lê mais a Bíblia e se pergunta se a culpa de duvidar do que há lá são dos erros de tradução ou dos erros dos homens que a fizeram e protagonizam.

Mas no fim, não foram esses os homens que fizeram a História. Ela pode ser feita de vencedores, mas é contada por quem tem a voz mais alta, melhor RP e mais poder temporal.

Não dá para ser cínico e descrente com apenas 28 anos. Eu deveria esperar os trinta para começar a esboçar uma crise. Mas não tô com vontade nenhuma de encarar uma pose de velho lamuriento que não sabe qual é a sua, mas deixa pra lá, porque a vida é má mesmo, e talvez eu seja mal e blábláblá.

Não dá para saber porra nenhuma sobre emoções, nem as suas nem as minhas.

Dá para um homem ter vinte e oito anos e passar todo seu dia desempregado batendo punheta? Dá, mas ele vai se olhar no espelho depois e virar a cara, porque ele sequer sabe o que deve ser feito e ainda por cima aborta voluntariamente seu direito de se perguntar “o que” e “por que”.

Quando você tem 28 anos, comida na mesa e um corpo magro que não precisa de muito para sair andando pelas ruas e conversando com as pessoas, não se pode reclamar de muita coisa.

Mas quando você tem tudo isso aí em cima e não faz nada, ou você é um bosta ou um covarde. Os dois não são a mesma coisa. Há pessoas que conseguem ser ambos, inclusive.

Não é o meu caso.

Eu não sou um homem de épicos e não me permito muito mais que essas bravatas escritas após um coito intranqüilo na madrugada, e isso já é me permitir muita auto-indulgência.

Eu acreditava numa porrada de coisas e parece que agora é que cheguei na pós-pubescência, duvidando de tudo o que eu sabia e começando a arrumar briga pelo que realmente vale a pena.

Sei lá se isso são fases, ou se meu turbilhão de emoções e realizações vai comprimir meu próprio ego e minha essência. Sei quase nada sobre isso. Como poderia saber?

Mas posso experimentar, testar, vivenciar, errar, acertar, aprender, sangrar. “Eu estava valorizando muito isso [de morar sozinho] na época, mas no fim, não é nada demais, você deixa de sangrar num lugar e vai sangrar no outro”, me disse o Linari uma vez numa mesa de calçada da Padaria Santo Expedito, o santo das causas urgentes.

Não sei se acredito no que a igreja católica diz sobre os seus santos, mas sei que gosto muito deles. Eles erravam, mas seus erros não os impediram de chegar a Deus. Se depois a canonização virou um ato político, é algo a se lamentar. Mas é ótimo saber que você pode venerar quem errou. Quem brigou, bebeu, bateu. Mas acertou várias também.

Existe um São Leonardo na tradição. Não sei (é infinita a quantidade de coisas que não sei e que vou morrer sem saber) bem quem foi ou o que fez, sei apenas que era um marinheiro italiano.

Eu não sou ele. Não sou mesmo.

Mas estou ainda atrás da minha santidade, e os ratos e as ratazanas de sacristias e púlpitos podem não gostar do que vão ver.

2 Comments:

Blogger Jongleuse said...

Desde pequena sempre fui muito carolinha... Ia as missas, depois da primeira comunhão passei a auxiliar as catequistas com as suas turmas... Quando tinha 13 anos já tinha lido a bíblia 2 ou 3 vezes. Mas com o tempo muitos questionamentos vieram e eu me afastei um pouco da religião. É incrível, mas foi só depois de ler a bíblia como um "romance" que eu pude realmente apreciá-la. Hoje eu não sei me classificar quanto a religião, mas realmente acho que uma educação nos princípios religiosos faz muita diferença na forma como uma pessoa lida com o mundo.
Tomara que você tenha sucesso na sua busca. Cada vez mais acho que as viagens para dentro de nós mesmos são as que valem mais a pena.

9:41 AM

 
Blogger Jongleuse said...

Concordo... :-S
O maior problema é que hoje a “hipocrisia” virou a linha mestra da Igreja e de seus fieis.
Cada um que se diz católico segue a parte que quer da religião...
Uns vão a missa aos domingos, outros só casamentos, batizados e 7º dia... Mas todos são católicos.
Muitos não sabem enumeras os 10 mandamentos ou não lembram a última vez que se confessaram, mas na hora de levantar e comungar todas fazem aquela cara serena e acham que o maior gesto de compaixão do mês foi ter deixado uma senhorinha passar a sua gente na fila o altar...
E a “nossa mãe” igreja aceita tudo isso com medo que na soma do próximo senso eles deixem de ser “A MAIOR IGREJA DO MUNDO”...
Bull shit... fazer o que...

1:49 PM

 

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