Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Thursday, July 05, 2007

Histórias de família















Bondade diante do caixão: o morto não precisa dela, ele está morto. Felizmente ele está morto. "Seu pai foi um santo homem", me disse o vizinho, o que Papai, em casa, chamava de crápula; como ele, em sua rodinha, chamaria Papai? Santo homem... Nunca, Papai nunca foi isso. Era um homem egoísta, às vezes cruel, um marido desconfiado, um pai sem carinho, um filho distante. Mas se, durante a vida dele, essas pessoas que estão lá embaixo [na casa] agora tivessem chorado um pouco por ele, sido boas com ele, talvez ele tivesse sido melhor. Mas, vê-se, e4las estavam esperando primeiro ele morrer. Ser bom com os vivos dá muito trabalho: amanhã ele estará morto, e iremos chorar sobre o seu cadáver - assim é masi fácil.

Trecho do conto "Enqaunto dura a festa", um dos melhores dessa antologia de Luiz Vilela. Conheci o trabalho desse contista mineiro na infância, no oitavo volume da série "Para Gostar de Ler" (tenho até hoje!), que trazia ainda Ignácio de Loyola Brandão, Luiz Fernando Veríssimo e outros muito dignos de nota. Reencontrar o autor e conhecer outros lados - mais amargo, mais sensual, mais nostálgico, mais duro - de seu trabalho foi mais que uma grata surpresa, foi a revelação de um autor para se correr atrás.

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