Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Saturday, November 04, 2006

La Carne de Boi

O Boi escreve. Em seu blogue, ele despeja reflexões, opiniões, pareceres, ironias, alegrias, preferências e mau humor, em proporções sazonalmente desiguais, mas na maioria das vezes muito interessantes. E ele escreve muito.
E agora ele está terminando seu livro sobre o La Carne. Sim, como projeto de conclusão de seu curso de jornalismo, ele escolheu redigir um livro-reportagem sobre os quatro demônios tristes de Osasco. Não dá para culpá-lo. Quem vê um show do La Carne sabe que é necessário escrever sobre a banda. Cada show é diferente. Cada show te faz diferente. Redenção em forma de uma arte que é superior ao rock’n’roll, mas que se parece muito com este. Violência e paixão desovadas aos borbotões. Catarse e êxtase coletivo. Precisa se escrever sobre eles porque, após o esgotamento dos clichês, talvez se encontre a substância do que faz o La Carne ser tão (perdoem-me pelo uso da palavra) especial. Descobrir porque um show deles não é uma busca ao Santo Graal, mas sim o encontro com a redenção (novamente ela) em um paraíso selvagem como os habitados pelos lobos de Jack London. Enquanto não se chega lá, se escreve.
E o Boi escreveu, É compreensível. Ele sofre até hoje o impacto de ter visto o La Carne ao vivo, com Sidnei de braço quebrado tocando “Do It Clean”, do Echo, como uma espécie de Rick Allen roqueiro, assim como eu gozo com a glória primitiva de tê-los visto tocando “É Baderna!” enquanto o telão do bar exibia a cena de estupro do Laranja Mecânica. Foi o Bom quem sempre insistiu comigo para que eu visse um show do La Carne. Foi ele quem me emprestou o primeiro disco dos caras. Foi ele quem me propôs de juntar o pessoal (Meteoro, Gabi, Lucas, ele e eu) para ir a São Paulo aquela noite, ver os caras precedidos de OAEOZ, Íris e uma bandinha bisonha cujo nome não vale ser mencionado. Noite inesquecível. Como foram várias outras onde o La Carne estava no palco e nós, na platéia.
Claro que, com essa carga toda e sendo o Boi como é, o livro acaba caindo num certo exagero e numa grande mitificação. Seria muito difícil não fazê-lo, já que, embora com uma trajetória mais que respeitável e digna, o La Carne não tem nenhum ponto culminante ou de reviravoltas pesadas. Nenhum “turning point”, nenhum momento de ascensão e queda. A história de Carlos, Jorge, Linari e Sidnei como banda não é muito diferente da história de centenas de bandas independentes pelo mundo afora. A diferença é que a música deles é melhor que a de qualquer outro, a um ponto além da racionalidade. Então, no texto do Boi, cabe ao exagero e à multiplicação de adjetivos a função de contar a história lacarniana.
Enquanto o “produto” final não fica pronto, o Boi disponibiliza o livro on-line para quem quiser ler. É só clicar aqui e dar sua opinião, ruidosa ou silenciosamente. Há exageros e tudo mais, como já foi dito. Mas o Boi é exagerado. Não fosse assim, ele não seria o camarada que é. E o La Carne é além das palavras, mas mesmo assim a gente tenta escrever sobre ele. Seus shows sempre nos deixam uma lembrança estranha.

3 Comments:

Blogger fernando lalli said...

Assim cê [tá na moda usar "cê", por causa do "Caê"] me quebra, sr. Leonardo.

De qualquer forma, o blog está atualizado e agora contém o livro inteiro. Todos os erros de português que a Maria de Jesus não teve tempo de revisar estão lá.

Sei que eu ainda estou aquém de minhas próprias pretensões estilísticas em redação, mas era o melhor que eu podia fazer para evitar mais um TCC óbvio e intelectualmente medíocre.

Grande abraço!

1:41 PM

 
Blogger fernando lalli said...

Faltou acima o "muito obrihgado pelas palavras", que a tecla delete comeu em algum momento do processo.

9:02 PM

 
Anonymous Anonymous said...

excelente. vou copiar e imprimir pra ler com calma em casa, que essa história vale a pena. lembrei de você no show da Patti Smith. abs

8:16 AM

 

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