Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Monday, December 18, 2006

Dia 4 - "Sólo paquetes de turismo son"

Já ficou feliz quando o carro em que você está quebra? Hoje eu fiquei. "Vamos a tener que parar porque estamos sin pastillas de freno", disse o motorista rocker (Argentinean style, claro) e eu segui uma boa parte do caminho a pé. Só que esse caminho era a Costa de Lipán, perto da fronteira com a Bolívia, a 4100 metros de altitude. Os morros de cores diferentes ganham tonalidades distintas conforme o sol se poe e em algum lugar e momento, eu berrei de alegria. O resto do tempo, só fiquei caminhando e olhando, caminhando e olhando. O resto era desnecessário.

Também percorri a maior parte da área conhecida como La Puna, uma regiao árida (mas nao quente), cheia de plantas autóctonas (cactos e similares) e altiplanos, um dos quais é um deserto de sal de 500 km de extensao, onde as pessoas que lá trabalham recolhendo sal, o fazem para ganhar quinze pesos (cerca de R$ 12,00) a cada tonelada recolhida. Demora dois dias inteiros para juntar essa quantidade.

Passei também pelo povoado empoeirado de San António de Los Cobres, e assim como nas Salinas, gente miserável, se sujeitando a oferecer-se para uma foto frente a camera dos eurobabacas, em troca de uma moeda.

É emputecedor ver como a gente do assim chamado primeiro mundo vê a nós, latino-americanos (e acredito que o mesmo se passe aos africanos e asiáticos), como exóticos, dignos de figurar em nossas fotos como os pais fazem com os filhos, colocando-os ao lado de animais enjaulados num zôo. A única difreneça na atitude desse tipo de gringo, é que no zoológico você vê a jaula. Aqui o problema é mais tênue na percepçao e mais afrontador na essência.

Existe algo de estranho nesse turismo de consumo de recursos humanos que roda por aqui. E é também estranho que esse pessoal chegue às ruas pedindo para ir a lugares "nao-turísticosª... Como se isso se descobrisse perguntando aos recepcionistas de hotel. Uma cidade você conhece com tênis de sola firme e muita disposiçao, malaquice e, acima de tudo, humildade. Falta de sobra a essa galera aí.

Ah, sim, claro que os recepcionistas de hotel e atendentes de albergue mandam todo esse povo para os lugares disfarçados de "nao-turísticos", mas que só existem para tomar os euros desses otários. Vai ver se você encontra um saltenho lá!

E essa coisa toda do salar... Quinzao por dois dias... Nao consegui nem me indignar. Só fui tomado por uma tristeza, aquela que você prefere deixar de lado e esquecer, mas nao consegue tao facilmente assim...

Amanha, ou a Tilcara, ou pelas ruas de Salta.

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