Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Tuesday, December 19, 2006

Dia 5 - "Hay una grieta en mi corazón"...

Engraçado. Passei boa parte do ano sonhando em visitar o Pucará de Tilcara (o tal clip do Soda Stereo que está uns posts abaixo), sair pela Quebrada de Humahuaca em Salta e Jujuy meio sem rumo. Ao chegar aqui, descobri que nao dá para ser tao sem rumo assim porque as distâncias sao grandes, e para visitar tudo como se deve, tem que ter mais paciência, grana e tempo. O primeiro eu tenho de sobra (para certas coisas, nao para tudo e todos, claro), o segundo nao e o terceiro... Aí é que está: até tenho, mas... pra que?

Enquanto viajava nas nada confortáveis poltronas da viaçao Andesmar, pensava que ao mirar a vasta paisagem árida que compoem as Salinas Grandes e, principalmente, o panorama a partir do Pucará, encontraria umas respostas pessoais que me faltam. As duas visoes foram impressionantes, por certo (e ainda que nao tenha passado todo o tempo que gostaria em Tilcara, é certo que aquele cenário vai me acompanhar por uma boa parte da vida, senao toda), mas a tal resposta veio de outra forma. Nao estava em fortalezas pré-incas ou em paisagens desérticas, mas sim em algo que sempre levo comigo: meus amigos.

Sem qualquer medo da pieguice ou do constrangimento, mas faz meses que eu sinto que preciso de um repouso - repouso do trabalho, da correria, das responsabilidades da casa, do calor de Foz do Iguaçu e até da própria cidade de Foz - e sabia que uma viagem me cairia bem, como essa caiu. Mas a necessidade maior nao estava em percorrer rotas longas ou conhecer coisas diferentes; estav a, sim, em encontrar quem me importa. Porque uma viagem dessa seria muito melhor se depois eu me sentasse com uns camaradas para tomar uma cerveja ou pudesse abraçar minha namorada quando bate um vento frio no alto dos Vales Calchaquíes. Mas podia ser o bom, velho e belo Vale do Paraíba mesmo. Ou a Medianeira (PR) dos fins de semana de chimarrao, churrasco e conversa. O importante estava em dividir as coisas com quem realmente me importa.

Claro que eu nao sabia de nada disso antes de fazer essa viagem. Eu sempre estou de olhos fechados para o óbvio. Aliás, só os aspirantes a chefe-de-um-escritório-qualquer enxergam o óbvio. E claro que eu encontrei gente com quem sentar e tomar uma cerva, fosse um cozinheiro gordinho e careta de Buenos Aires, um nerd italiano magricela e de mente aberta, um casal de tiozinhos figuraças e uma australiana sardenta com cara de melhor amiga da adolescência. Todos divertidos e, até certo ponto, gente de conversa interessante (também encontrei os de conversa desinteressante, mas desses já falei no post anterior). Mas amigos de conveniência, com quem nao vou ter nenhum contato depois que formos embora daqui - e eu estou indo amanha, para depois subir em direçao a Taubaté.

Os meus amigos estao em alguns lugares bem específicos. Claro que vou conhecer outros que terao um papel tao fudidamente querido em minha vida, outros poucos, mas bons outros. Só que esses estao muito a frente. Agora estao aqueles de quem sinto falta e nao vejo a hora de estar perto de novo. Claro que, depois disso, vamos nos afastar novamente. Mas a gente se encontra. A gente sempre se encontra. Nem que um de nós esteja nos Andes e o outro, na puta-que-o-pariu.

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