Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Tuesday, July 17, 2007

Não Verás País Nenhum

"Estou propondo questões aos teóricos em literatura. Quem vai atrás de quem? A ficção se alimenta da realidade? Ou a realidade imita a ficção? Velha indagação aos ensaístas que se debruçam anos em cima dos livros elaborando teses complexas. Posso parecer megalomaníaco, mas me ocorreu outra situação. Exatamente 20 anos atrás, publiquei um romance, Não Verás País Nenhum, hoje ainda meu livro mais vendido, mais traduzido, melhor criticado. Ali, em uma linguagem que oscila entre o terror e a ironia, descrevo um país que não se sabe governado por quem, uma nação sem árvores, sem água, mergulhado na seca, no calor, com problemas cruciais de energia, cidades às escuras, população habitando guetos, violência extremada como hábito cotidiano, ruas congestionadas por carros que ficaram paralisados quando o combustível terminou, o medo, a insegurança."


(Ignácio de Loyola Brandão, autor do livro cuja capa está aí ao lado, em ensaio de 2006).

Um dos livros mais áridos (sem trocadilho) e tensos que já li. Um mundo sem água, sem árvores, com a crueldade e a desigualdade de sempre. Sem maniqueísmos e com um anti-herói simpático em nada, é muito provavelmente a melhor ficção científica já escrita no Brasil. Tida como alarmista e apocalíptica naqueles tempos de ditadura militar (onde a desgraça acontecia em qualquer lugar, menos no Brasil... seundo a propaganda oficial, logicamente), é tristemente atual, não apenas por trazer a questão do aquiecimento global, mas por centrar sua narrativa em terra brasilis, com foco na concentração de riquezas, de água e de poder, levando ao colapso aquilo que já está degradado. E o povão assistindo a tudo com a cara de paisagem. Das desoladas.

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2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

livro muito bom mesmo. faz muito tempo que li, ainda na época de faculdade, mas ainda me lembro do impacto. e realmente, é atualíssmo. abs

11:09 AM

 
Anonymous Anonymous said...

O livro é muito bom e causa um grande impacto no leitor! Uma obra impossivel de se esquecer.

11:04 AM

 

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