Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Thursday, November 09, 2006

Rolling Stone

Na sua coluna Revoluttion, o jornalista Marcelo Costa, também editor do Scream&Yell, fez uma análise interessante sobre o, por assim dizer, mercado de revistas de música aqui no Brasil. É só clicar aqui e ler. E por isso escrevi algo para ele, que uso como primeiro parágrafo do texto que vem a seguir:


Mac querido,
vou exercer o direito de comentar aqui. Como leitor assíduo da RS Latina (ainda que baseada na Argentina, ela abrange Chile, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Peru, Venezuela e Bolívia, já que o mercado argentino abastece esses países) e posso dizer que o que me incomoda nela é o tom excessivamente reverente das reportagens. Qualquer banda com mais de três discos é "clássica" e nenhum artista ganha paredão, ou sequer uma resenha negativa lá. Não que descer a lenha seja a única função do jornalismo cultural, mas acariciar o ego dos artistas também não o é. Além disso, há uma uniformidade textual que me incomoda: você só sabe se um texto é do Oscar Jalil, do Claudio Kleiman ou do Pablo Hernandez se olhar os créditos da matéria. Ninguém tem um texto distingüível, e isso é fundamental em qualquer jornalismo opinativo, como é o caso da música. Isso facilita a identificação do ouvinte. Esse tipo de coisa pode vir a se anunciar na RS Brasil. Veremos...

Desde quando comecei a ter acesso a revistas de música estrangeiras (européias, principalmente), pude ver que a Bizz dos anos 00 se baseava em diversas delas tanto em termos gráficos quanto textuais. Tudo bem que a chance de fazer algo 100% inédito era desconsiderável, já que o assunto (música e o mundo pop) acaba fazendo com que algumas coisas venham a se assemelhar, assim como acontece em publicações sobre carros, esportes, etc. O problema é que a isso somou-se um misto de iconoclastia gratuita com mitificação premonitória. Como a "Bizz antiga" (e aqui cabem as aspas, porque também essa revista do fim dos 80 e começo dos 90 é muito mistificada por quem muitas vezes sequer a leu) tivesse revelado vários artistas que depois viriam a assumir proporções gigantescas, tanto do ponto de vista comercial como artístico, os jornalistas da "nova geração" começaram a pegar qualquer Bidê ou Balde e chamar de "grande promessa", "pop perfeito" e outras heresias. Criou-se um mito de "rock gaúcho" que nem o pessoal do Rio Grande do Sul leva a sério. Textos irritantes, que prestavam um desserviço ao ouvinte de boa música pop, foram escritos. E a revista faliu, para ser reerguida como um almanaque de curiosidades dos "clássicos" e novidades para a classe média alta que baixa música de suas conexões bandas largas ou pode pagar mais de R$ 10,00 por uma revista que é lida em menos de duas horas.

A RS vem como uma alternativa? Não sei, ainda não a li, e não o farei com o primeiro número. Na estréia, o pessoal ainda está arrumando a casa. Além do mais, não houve nenhuma pauta que realmente me interessasse. Não vou comprar uma revista só por causa de uma matéria boazinha com os Killers, eles não estão tão altos assim no meu Olimpo. Assim como não vou gastar meu suado dinheirinho só para ter algo que comentar em listas de discussões e blogs com gente que não me conhece e não é disposta a dialogar. Prefiro trocar essas impressões com os amigos aqui.

Mas ainda amo, respiro e como música. E gosto quase tanto de ler sobre ela. Se uma publicação legal está vindo para cá, que bons ventos a impulsionem. A RS Latina vem perdendo qualidade a cada edição, e eu já deixei passar alguns números. Acho que esse mês vou arriscar uma chance. Quem sabe no mês que vem é a brasileira que vai parar na minha cozinha? (meu apartamento não tem sala...)

2 Comments:

Blogger fernando lalli said...

Eu comprei a Rolling Stone, por pura curiosidade. Pelo o que deu pra sentir, a moça da capa representa exatamente o que é [ou o que vai vir a ser] a revista: linda, cheia de boas intenções, mas com "aquele" conteúdo.

Umas trezentas matérias tem a MESMA abertura: "É uma noite fria em Seattle, fulano coça o saco enquanto explana sobre o ser e o nada em frente ao meu gravador". Chichés do tal new journalism vomitados ao vento em larga profusão. Detalhes desemportantes descritos a todo momento. Em uma matéria sobre política, Ciro Gomes é incluído no mesmo balaio de corruptos de José Genoíno e Valdemar Costa Neto. Resenhas absurdamente BISONHAS para o nível pretendido pela revista ["'Vicarious Atonement' abre o CD com a bela voz de Omar Rodriguez-Lopez" [sic]. PORRA!]. Resumindo: esperava mais. Não teria comprado se soubesse disso. Não vou comprar o segundo número. Mas devo admitir que fiquei feliz em ver nela uma matéria [boa, apesar de curta] com o Slayer.

Porém, olhando pelo lado "genérico" e "povão" da coisa, a RS interessa muito mais ao leitor comum do que a Bizz. Tem grandes chances de dar certo. Mas não com a minha ajuda.

Voltei a comprar a Bizz porque alguma coisa eu tinha que ler pra confrontar as publicações de internet. Mas ela [a revista] também não vem fazendo muito por merecer a minha preferência, não. São uma ou duas matérias boas no meio de 10 burocráticas, sem tesão algum.

Abraço, Leo!

4:54 AM

 
Blogger André said...

new jornalism de cu é rôla.

3:29 AM

 

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