Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Thursday, April 26, 2007

A Inequivocável Semelhança com Tomas


Acabei de ler a primeira parte de A Insustentável Leveza do Ser. Nunca levei tanto tempo para ler um livro, mas não é a lentidão mental nem a falta de tempo que me retém a leitura, e sim o estilo direto e preciso de Milan Kundera. Sempre “ouvira falar” muito do escritor tcheco, mas ele entrava no rol dos grandes escritores que nunca li, como Dylan Thomas, James Joyce ou Ernest Hemingway. Um sebo em Foz do Iguaçu me salvou nesse caso específico, e não poderia ser mais grato ao acaso, essa força de intenções imponderáveis que parece reger nossas vidas.
Como pode ser que um livro seja tão apropriado em um momento tão intimamente pessoal e urgente? É certo que, quando precisamos de respostas, tentamos encontra-las em qualquer lugar que pareça oferecê-las. Mas esse livro não traz respostas, e sim compartilhamento das dúvidas, sentimentos e angústias; os terrores e anseios mais profundos de uma alma masculina que luta para esconder sua superficialidade, uma superfície que segue plácida e segura enquanto transcorre segundo suas próprias leis, mas totalmente desprovida de forças ou determinação ante ao poder insidioso do acaso.
Não sei onde o livro me levará, ou mesmo onde ele conduzirá a si próprio – estou lendo-o lentamente para saborear as sensações plenas e reflexões recorrentes que ele está me proporcionando – mas até o presente momento, perco o senso de ridículo para afirmar, com toda a certeza, que Tomas sou eu.

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