O homem no espelho
Chega uma hora que você descobre que você não é quem você imaginava ser. Clichê, mas verdade. E às vezes, é nessas horas que você descobre não ser quem gostaria, e quem sempre pensou que fosse. É quando você vê que você não passa de um classe média reles como qualquer outro, com seus preconceitos morais, raciais e eséticos. É quando você vê que só pára na frente do espelho para observar seus belos traços e não olha mais nos seus olhos porque sabe que o que vai encontrar lá é uma imagem distorcida por profundas navalhadas que você aceitou deliberadamente receber, aquelas navalhadas que vêm da criação que você diligientemente aceitou, e que discursivamente você dizia renegar.
Lembra daquela tira do Laerte, que mostrava o Capitão Douglas e seu soldado Anspeçada conversando? Era mais o menos assim:
Capitão Douglas: Vejo que a guerra não o empolga, soldado.
Anspeçada: Morre Muita gente, capitão.
Capitão Douglas: Exagero. Depois... morre a baianada.
Anspeçada: O senhor se refere a civis inocentes?
Capitão Douglas: Tanto faz.
É assim. Você já não é mais o Anspeçada, você é o Capitão Douglas. Se pudesse, você moraria num condomínio fechado olhando a baianada se foder enquanto tomava seu Bailey's com café selecionado. Você só não apoiaria financeiramente o Grupo de Extermínio de Aberrações porque seria de mau tom. Mas que você adoraria vê-los agindo juntamente com o retorno do Esquadrão da Morte, ah gostaria!
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