Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Monday, November 27, 2006

De conversas e canções

Usei “Escola do Rock” para dar aula hoje. Podem dizer o que for, mas eu gosto pacas do filme. Acho que ele está imbuído do espírito roqueiro que – ainda que de um jeito “ingênuo” – está presente em um monte de coisas que eu faço. E quando falamos de rock aqui, lembro-me do Michael Stipe dizendo que três quartos do disco Horses, da Patti Smith, é introspectivo, mas não por isso menos punk.
Aí vem minha namorada e uma pergunta que ela me fez ontem: “você já tentou escrever sobre coisas do dia-a-dia? Algo que não fosse música?”. Porra, Lidi, claro que já. Já escrevi e escrevo sobre muita coisa que “não é música”, e esse blog já é uma evidência clara disso, basta conferir os posts precedentes. Mas música faz parte do meu dia-a-dia, meu e dos meus amigos, para quem mantenho esse blog. Ele não está aqui porque quero que alguém veja quão boa é minha escrita e me contrate para escrever em algum lugar onde não vou poder escrever do meu jeito. Minhas concessões, já as faço na escola. Aqui a coisa é outra. E é, definitivamente, musical.
Por que estou escrevendo isso? Ah, sim, acho que é porque eu ando cansado de fazer e dizer sempre as mesmas coisas, da mesma forma que me cansa encarar uma briga quixotesca pelas minhas “convicções”. Sabe a tal coisa da ideologia? Então, não acredito nela. Não tenho ideologia, nem religião, muito possivelmente nem uma filosofia de vida. Carrego um monte de incertezas, uma ou outra vontade e muitos sonhos, todos eles com alguma esperança por trás. E embora o fundador do Gordurama, Diego Fernandes, tenha escrito que “esperança é a porra de um urubu pintado de verde”, eu não acredito nisso. Não só porque ele mesmo se desacreditou depois, num texto muito pungente, mas porque, citação literária por citação literária, aqui eu me reservo o direito de ficar com Morfeus desafiando os lordes do Inferno com a esperança. Na teologia humanista de Neil Gaiman, nada mais forte que essa, a última instância de toda existência.
E a música ainda é minha fonte maior de esperança. Nesse período em que tudo muda comigo e para mim, as percepções se fortalecem enquanto as certezas esvanecem, a música está ao meu lado, não como um Deus, mas como uma dádiva Dele, uma benção dele, um anjo da guarda de acordes, riffs e harmonias, que faz com que eu não me canse tanto de mim mesmo, dos clichês desse mundinho limítrofe e cruel que esse planeta sempre foi e que agora se agrava.
Eu não nutro ilusão de tempos melhores. Eles sempre serão difíceis. Mas acredito em mais força para encará-los, em tesão para vivê-los e em humor para ignorá-los. Acredito nos momentos de refresco que te fazem atropelar a mediocridade, a própria e a alheia. Acredito na inspiração de conversas e canções. Acredito em contar isso para os amigos só para ver eles rirem da minha opinião juvenil. Ou talvez, para ver refletido no interior deles algo parecido com isso. Até porque o rock’n’roll passa pelos riscos, o maior deles sendo o risco do ridículo.

But if you wanna be the teacher’s pet
Baby, you just better forget
Rock got no reason
Rock got no rhyme
So you better get to that school on time
”.

É por aí.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sem comentários Léo, você tem potencial e sabe disso!

1:47 AM

 
Blogger André said...

a real é que a vida seria muito, mas muito, mas MUITO pior sem música e cinema. Do indie playboy que compra cd dez cd's e dvd's importados por mês, à diarista que fica com o radinho de pilha ligado e vê três novelas por dia, todo mundo precisa de generosas doses de audiovisual pra suportarem o dia-a-dia.

1:54 AM

 
Anonymous Anonymous said...

eu adoro Escola do Rock.

9:10 AM

 

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