Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Monday, March 12, 2007

Agradecimentos

Quando eu era mais jovem (não que eu seja velho agora), eu era tímido, fechado, introspectivo. Um certo tempo depois, me tornei aberto, intempestivo, mas ainda introspectivo. Depois o lado irascível e intratável foi crescendo mais que eu gostaria, e eu virei uma pessoa difícil de lidar, inclusive de minha própria parte. A introspecção se transformou em auto-crítica, que virou auto-depreciação, e depois auto-piedade. Fiquei agressivo, defensivo, distante, e poucas vezes me pegeui naqueles diálogos internos que me ajudavam a levar a algum lugar. Basicamente, reagia ao que viesse, e costumava reagir de forma intempestiva e cínica.
Mas passei a notar que o cinismo me incomodava e que minhas explosões só me colocavam em situações que não me faziam bem. Minhas atitudes não estavam ligadas ao impulso, só à violência em si, uma violência que atingia mais a mim mesmo do que qum estivesse por perto. Me prejudiquei bastante por isso.
Hoje em dia, noto que a introspecção está voltando, à medida em que raiva diminui. Noto que há coisas que estarão comigo por mais algum tempo, mas há outras que não preciso e que, sim, é possível abandoná-las. Antes, eu me via muito atrelado a esse papo de "faz parte da minha natureza", uma desculpa muito esfarrapada para justificar minhas mancadas e deslizes. Nunca usei essa "visão" para ver que também algumas coisas boas poderiam fazer parte dessa natureza também. Era a auto-depreciação funcionando dentro de uma visão interior já bastante limitada por si só.
Também usava o cinismo contra todo mundo, e vi que achar defeitos tinha sido minha principal preocupação em relacionamentos e trabalhos. Assim como percebi que alguns desejos meus eram mais mesquinhos do que minha "ideologia" me permitiria confessar.
Nessas três semanas em que estou numa correria inter-estadual em busca de afirmação profissional, tive bastante tempo para pensar sobre outras afirmações também. Não uma busca por categorizações pessoais ou encaixe em rótulos obsoletos, mas um processo de auto-conhecimento, de pensar em como trato minhas relações com os outros, de como penso alguns valores que assumi sem pensar muito no porquê. E, ainda que não tenha chego ao nível que eu realmente gostaria, de refletir e reconhecer sobre meus sentimentos nas minhas relações com os outros, vejo que me sinto muito mais tranqüilo comigo mesmo do que costumava sentir.
Existe todo um processo que costuma ser referido genericamente como "maturidade". Eu costumava acreditar, não sem certo orgulho, que seria um eterno adolescente. Umito estúpido que eu mesmo me impungi. Descobri que não vejo graça em acordar de ressaca todo dia, que não tenho paciência para "fazer social" (mas que também não preciso fazer dissouma bandeira da anti-sociabilidade), que não pertenço a uma série de mundinhos cm os quais convivia e aos quais pensava pertencer. Vejo que muitas coisas que eram valores até uns meses ou anos atrás simplesmente não me fazem falta, que as tais "ideologias" eram apenas lixo aprisionador e contraditório e que minha espiritualidade não precisa ser uma seqüência de golpes mal disferidos contra Deus e o mundo, literalmente.
Vejo também que sou mesquinho em algumas situações e indiferente em outras. Não raro, tolo. Mas estou tentando me clar antes de manifestar a tolice, e quero ver como faço para lidar com a mesquinhez e a indiferença. Elas não são "parte da minha natureza", não me conformo mais com essa desculpa.
O que eu quis com toda essa egotrip até aqui não foi expor publicamente (ainda que restrito aos amigos leitores desse espaço) resultados de uma terapia que venho fazendo nem colocar desculpas por tolices que eu posso ter cometido. É um agradecimento, a todo mundo que esteve por aí, mostrando ou sugerindo coisas que me ajudaram a pensar, tendo paciência em momentos não tão fáceis, me acolhendoem dias de andanças esperançosas ou solidão castigante. É um obrigado e um voto, a todos nós, que dias melhores virão. Viraõ mesmo.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Estava com saudades de ler seus textos!

3:42 AM

 

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