Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Saturday, August 18, 2007

Moralismos

A idéia do texto nem é minha, é do Veríssimo, e a retórica provavelmente é anterior até mesmo à existência dos meios de comunicação em massa. Mas pense: por que é indecente que a televisão mostre um corpo nu e sadio, mas pode mostrar um corpo cravado de balas no horário do almoço (como faz o Naipi Aqui Agora, apocalíptico programa “jornalístico” de Foz do Iguaçu e região transmitido pela SBT-Tarobá)?
Uma mão acariciando um seio ofende às pessoas de todas as idades, mas um punho desfigurando um rosto aparece até em desenhos infantis. Discutir sexo abertamente só é permitido depois das 23h, mas cenas de tortura e filmes com maquinações de crimes vão ao ar no horário em que as crianças estão em casa. O comediante Lenny Bruce tinha uma esquete na qual dizia que um travesseiro colocado embaixo do corpo de uma mulher para facilitar-lhe a penetração não poderia sequer ser sugerido na TV, mas o travesseiro sufocando uma pessoa aparece em qualquer soap opera.
Pois é, nossa dita “cultura cristã” tem dessas aberrações. Ou talvez a cristandade não tenha nada a ver, já que países muçulmanos, hinduístas e budistas parecem padecer do mesmo mal. Só queria saber porque o sexo é um tema tão incômodo, tão agressivo, tão digno de repulsa. Isso – segundo indicam os registros históricos – desde os tempos em que Demóstenes saía de seu barril para orar em público.
Recentemente, uns poucos alunos meus (de um dos cursos que dou aulas) foram reclamar à coordenação que “falo demais de sexo e bobagens” em sala. É uma sala de 37 homens e três mulheres. Nenhuma das três gurias (nem seus respectivos namorados, que lá estudam) reclamou. Dou aulas de Comunicação Social, e dados do relacionamento humano funcionam como exemplos ilustrativos ou pontos de referência. Inclusive o sexo. Ainda que a queixa não fosse uma hipérbole, poderia se cobrar uma postura mais contida minha se trabalhasse com crianças. Mas nenhum aluno é menor de 17 anos, e o queixosos, em sua maioria, já passaram dos 25 faz tempo. Talvez seja interessante notar que são todos militares e/ou evangélicos. Era de se esperar.
Que fiquem então, brincando com seus fuzis e suas cruzes. Cada um usa o falo que tem.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Uau! Essa última frase matou.

1:23 PM

 
Anonymous Anonymous said...

rsrsrs...
Sabe o que eu observo nas pessoas: aqueles que se fazem de moralistas são os piores... só que usam o recurso de agirem as escondidas... é por isso que prefiro as pessoas autêntica do que as pessoas "boas"
ótimo texto...
:o)

4:45 PM

 

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