Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Saturday, October 27, 2007

O jogador

Não faz muito, sacrifiquei meus sonhos. Não, isso é uma mentira, não houve sacrifícios, fui eu quem os deixei de lado para poder dar espaço ao meu comodismo e uma ilusão de “segurança” que se transformou na vida que eu não quis. Eu simplesmente deixei de lado tudo o que me importava e passei a me ocupar de outras coisas, e agora bem pouco me importa.
Mas alguma coisa ainda deve repousar sobre essa alma que já foi inquieta, sempre são nossos sonhos de menino (ou de jovem adulto) que nos fazem vibrar quando a sombra da maturidade parece virar um manto de obtusidade moral. Esse menino, esse jovem, percebe agora que, quando você se ausenta de seus sonhos supostamente vis para se tornar “um homem decente”, é exatamente a partir daí que você recai na indecência, no vazio e na repetição mecânica de atos “corretos” que só servem para maquiar sua flexibilidade de caráter. E que caráter tolo, esse que você adquiriu. Pois há uma volúpia pelo “certo”, o vício de ser o bom cristão sofredor que você jogou em si na adolescência e ainda hoje se obriga a senti-lo. Leve isso com você. Você não conseguirá decifrar o que isso significa até ser tarde demais.
É triste e doloroso escrever este tipo de texto. Eu sei que virá o dia em que tremerei só de pensar em relê-lo, pois conseguirei decifrar tudo o que me esforcei para “criptografar” aqui. E tudo me parecerá um tremendo desperdício de vida, como me parece agora.
Mas amanhã, Aléxis Ivanovitch, amanhã...

(mais ou menos – bem “mais ou menos” – o que me acometeu ao terminar a leitura de O jogador, de Dostoievski)

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1 Comments:

Blogger Túlio said...

já diz o clichê que toda escolha é uma renúncia.

1:15 PM

 

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