Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Tuesday, September 04, 2007

Sobre antagonismos e a tal "lei da ação-e-reação"

“Quando eu era mais novo, eu era tolo e só pensava em trepar. Hoje que estou mais velho e mais maduro, me dedico ao que realmente importa: ESMAGAR MEUS INIMIGOS”.

(Harvey Pekar)

Essa coisa toda do “nós” contra “eles” parece tomar o coração das pessoas. Sempre há um “nós” ou um “eu”, fora disso, apenas o resto. “Quem não está por nós, está contra nós”, disse Jesus Cristo (disse mesmo?), num militarismo de fazer inveja ao Bush ou (para ficar no território nacional) ao Médici.

É como se precisássemos do inimigo. Tem que haver alguém contra quem lutar, senão não há pelo que vivier, não é?. O grande lance é que às vezes “o inimigo” está dentro de nós mesmos. Só temos que combater aqueles demoniozinhos que parecem uma legião, ou que aquele um tem um porte de derrubar o Gigante Adamastor.

É fácil achar inimigos externos. É fácil polarizar. É fácil ver tudo como um jogo onde é um time “versus” o outro. E “versus”, convém lembrar, significa “em oposição”. Mas às vezes, os únicos obstáculos reais são aqueles que a gente criou. O outro, em algumas ocasiões, nem é “inimigo”. Só está ali, tentando garantir a dele, exatamente como nós estamos fazendo. Ele pode ser um pulha, não resta dúvida. Mas nós também podemos ser boçais, canalhas ou incômodos. E aí?

Brigar é atravessar a rua para acertar o cara que ia te bater. É tirar o seu da reta, colocando o do outro. Há momentos em que isso dá certo, e outros onde isso cobra um preço.

Eu sempre estive disposto a brigar, não necessariamente (embora também) no sentido braçal. Ultimamente tenho fugido, e isso vinha me fazendo alguma falta. Muita falta, me corrijo. Aliás, hoje me permiti brigar. Mas me dei conta que o “inimigo” não é um monstro demoníaco com dezoito chifres e quatorze olhos, um dos quais sofrendo de catarata. Ele é um bípde como eu, que come, sofre, trepa, broxa e paga as contas (as tais “funções vitais”, revistas e ampliadas para os tempos atuais). Só quer garantir o dele, assim como eu quero garantir o que é meu. Ele pode ser um canalha tentnado chegar a isso. Mas eu tenho minhas defesas, nem sempre intransponíveis, pero las tengo.

Entretanto– e isso já desde muito tempo – julgo que não vale brincar de rolo compressor e pegar o meu usando dos meios que estão à disposição. Existe mais que alimentar animosidades e buscar discrepâncias. Tá me parecendo mais lógico – mais óbvio, mais gozoso – fazer o que é de minha índole e meu estilo. Garantir a preservação do meu eu, mesmo que eu perca a “briga”. Aliás, eu não vou brigar. Eu só vou fazer como os monges budistas da parábola: vou terminar o jogo. Eu não largo uma partida no meio. Uma hora as coisas têm que terminar, e meu tempo aqui (“aqui” significando Foz do Iguaçu, o mundo, essa vida – não necessariamente nessa ordem) não é exceção. E quando acabar, eu terei feito o meu trabalho. Eu entendo que há limites. E entendo que é justamente por causa do último limite que eu tenho que relevar alguns dos anteriores. Para isso, eu não preciso transformar ninguém em antagonista. Claro que alguns vão estar contra mesmo. Vão até ali (“ali” sendo exatamente aquele lugar para onde você está indo também) só para se interpor no seu caminho. E daí? Eu tô ocupado demais brigando comigo mesmo, e me garantindo os meus acordos de paz. Eu é que não vou descer o punho ou a alma onde eles não são necessários.

Não somos “nós” contra “eles”. É só contra nós mesmos. Se "eles" não estivessem, outros estariam. E outros sempre vão estar. Mas “nós” vamos embora. Eu quero ir “em grande estilo”. As pompas e circunstâncias eu dispenso. Mas fico com o cinturão de quem ganhou a batalha contra o adversário mais cruel: eu mesmo.

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1 Comments:

Blogger Artur Gomes - Drift Five said...

Simplesmente absurdo...muito boa a forma como foi escrita...adorei esse texto...

10:01 PM

 

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