Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Wednesday, November 07, 2007

Dez piores discos nacionais

“Vamos começar pelos piores. É mais divertido”. (Mike Patton)
Não havia planejado, mas a sugestão do André me incentivou a fazer uma lista do que considero os 10 piores discos nacionais de todos os tempos. Adotei critérios semelhantes aos que usei para selecionar os melhores: não basta ser ruim, tem que ter me irritado ou incomodado de uma forma especial, ser aquele disco ruim de dar raiva. São discos que passaram pela minha mão, seja porque ganhei, peguei emprestado ou – pior – comprei, e desejei nunca tê-los conhecido. Por isso não estão aqui discos como Você Não Precisa Entender, do Capital Inicial, Kavookavala, dos Raimundos, ou Aqui, Lá, Em Todo Lugar, da Rita Lee, discos que, mesmo medonhos, não passaram pelos meus ouvidos mais que uma vez, e em situações em que não envolviam minha casa. Da mesma forma, deixei de lado discos que constavam do critério dessa compilação feita pelo Scream&Yell em 2005.

Coisas como axé, “pagode paulista”, cantoras ecléticas, Roupa Nova, breganejo, sertanojo, participantes de reality shows e umas outras coisas não entram porque são café-com-leite.

Com a mira já assustada, vamos começar:

1. Eletro-cidade, Astronautas.
Bah! Eu já falei mais do que devia sobre esses caras. Aliás, quem são eles? Alguém se lembra?

2. Cowboys Espirituais, Cowboys Espirituais.
Esse “supergrupo” (quiá, quiá, quiá) gaúcho é o maior engodo já feito nessas terras. Foi vendido como “um projeto country de três músicos consagrados”, porém mais parece um bando de peões de Barretos adolescentes tendo crise de identidade sexual. Músicos consagrados? Frank Jorge, Marcio Petrarcco, Julio Reny – consagrados por quem, cara-pálida? Por meia-dúzia de “bróders” que freqüentam os botecos que aceitam shows deles?
História interessante: na época (1999), a Trama estava entre contratar esse trio e uma agremiação chulézinha do Rio de Janeiro, uns tais Los Hermanos. O sr. Carlos Eduardo Miranda (gaúcho, ex-umas-tantas-bandas-inexpressivas, o cara que popularizou a “brodagem”) optou pelos primeiros e perdeu o estouro da Anna Julia. E hoje esse cara é um dos “avalizadores de sucesso” do programa Ídolos. Sintomático.

3. Os Invisíveis, Ultraje a Rigor.
Roger já foi brilhante, aqui é apenas triste. Das rimas medonhas (“todo dia essa mesma labuta / eu trabalho feito um filho-da-puta”) ao instrumental pobrecore, tudo soa triste. A única faixa menos horrível, “Miss Simpatia”, nem dele é, é da autoria de Gabriel Thomaz, dos Autoramas. Triste, triste, triste... Principalmente porque a formação da banda (Mingau, Baça e Serginho) é a melhor que o Ultraje já teve.

4. As Dez Mais, Titãs.
Discos de versões já não costumam ser grande coisa, agora, o que dizer de um disco onde originais pífios ganham versões frouxas? Masoquistas têm aqui um passatempo divertido: escolher a pior de todas as faixas. Será a versão “power ballad” (tipo “Skid Row encontra NX Zero”) de “Pelados em Santos”? Talvez os violões “estou-estudando-música-com-livrinhos” de “Um Certo Alguém”? Ou... Ah, são muitas opções. Dez, para ser exato. E nem sucesso fez.

5. Armandinho Ao Vivo, Armandinho.
Uma sala de aula em Foz do Iguaçu, ano de 2006.
Aluno 1: Professor, o senhor vai no show do Armandinho?”
Professor: É claro que não.
Aluno 2: Ô, loco, ‘fessor, por quê?
Professor: Puta música de pau mole!

6. Puro Êxtase, Barão Vermelho.
“Por Você” já garantiria a presença eterna da banda no inferno das composições pop, mas calma, ainda tinha a faixa-título, uma “Pense e Dance” para os anos 00. Lembra? “Pensiiiiiiiiiiiii... pensi i danci”.... Atualizado e revisado, para provar que a capacidade de se renovar do ser humano não se limita às suas qualidades.

7. Acústico MTV, Ira!.
Quando você acha que uma banda já fez seu pior (Música Calma para Pessoas Nervosas), eis que ela se permite cair ainda mais e estragar aquilo que ela levou anos consagrados. Esse, infelizmente, deu certo, e deixou os bolsos do Ira! cheios o suficiente para reinflar seus egos e dar nessa embrulho que estamos vendo nos jornais e sites de notícias. Pianos pessimamente tocados não bastavam, eles tinham que fazer uma canção do Clash (“Clampdown”) escorrer de seus retos, chamar a Pitty para enfeiar uma canção que já nascera errada (“Eu Quero Sempre Mais”) e, em plenos 40 anos de idade, gravar uma canção chamada “Flerte Fatal”. Amado Batista versão mod.
E tocou muito, essa porcaria.

8. Isopor, Pato Fu.
Os quatro primeiros discos do Pato Fu poderiam vir numa caixa chamada “Escorregador”, já que eles começaram num ponto interessante, com um álbum bem inventivo e divertido, e foram escorregando até o anódino Televisão de Cachorro. Ultrapassando o fundo do poço com Isopor: musiquinha em japonês, sucessinho (“Depois”) com clipezinho fofinho, guitarrinhas – tudo bonitinho, fofinho, gostosinho. E ruinzinho.

9. Se Sexo É O Que Importa..., Bidê ou Balde.
Um mérito esses gaúchos têm: o de ter um nome mais ridículo do que os que foram consagrados nos anos 80, como Abóboras Selvagens, Biquíni Cavadão e Herva Doce. E só esse. De resto, eles têm o vocalista mais insuportável do “rock” nacional, letras acéfalas que se pretendem “transgressoras” (“Sr. Promotor”, “Gerson”, “E Por Que Não?”) e a amizade (perdão, “brodagem”) de vários jornalistas do meio musical, o que me obrigou a ouvir e ler muito sobre eles quando eu mexia com a coisa. Bleargh!

10. Esse Lugar, Gugle’s.
Eu é que não ia deixar minha terra de lado! Taubaté deu ao mundo Mazzarópi, Renato Teixeira, Cely e Tony Campello, Cid Moreira, o grande Juarez Soares... Mas também viu nascer Hebe Camargo e essa nojeira, uma banda que tocava em todos os bares da cidade com um repertório de covers e composições próprias que pareciam uma mistura do pior do Barão Vermelho com refugos descartados pelo LS Jack. Eram popularíssimos na cidade, tinham fã-clube e foram hit no Programa Raul Gil, sendo que suas apresentações neste eram exibidas em telões durante seus shows. Acho que já deu para entender...

Faltou O Circo Está Armado, da Relespública, e (muitos) outros. Mas bater em indie nem tem graça...


Apêndice: Momentos constrangedores

Nem sempre você precisa fazer um álbum inteiro para queimar o filme. Às vezes, uma canção basta.

“Eu Emo Você”, Jaked.
Estava eu em um festival de hardcore em Cascavel (PR) para ver os Street Bulldogs e Garage Fuzz quando sobe ao palco uma banda local, o tal Jaked. Uns moleques de uns dezesseis anos, tocando aquele sonzinho furreca que moleques de dezesseis anos com a cabeça cheia de Blink 182 e Pennywise costumam fazer. Só estava ruim, nada mais. Só que foram encerrar o show com seu “hit” local, “Eu Emo Você”. Olha o refrão: “preciso de você / não posso te esquecer / no seu fotolog eu vou te ver / eu emo você”. E era a sério! De chorar.

O retorno do Gueto
Gueto era uma boa banda dos anos 80 que não deu em nada. Voltaram como Guetho, e ninguém notou, algo pelo qual todos devem ser gratos. O retorno deles foi uma alucinação, não existiu, foi uma bad trip, um sonho ruim, não, não, não...

"Tele Fome”, Jota Quest.
Um rascunho de “Só Hoje” (a nojeira mais asquerosa gravada em nosso idioma, também hors concours nessa lista), feita num meio-termo entre Roupa Nova, Fabio Junior e The Calling, com cara de jingle de campanha da Globo. Era uma das preferidas do mulherio nos meus tempos de faculdade, então era difícil fugir dela, assim como não dava para escapar daquelas “quero-homem-mas-não-agùento-rôla” que saíam para a “balada” com a versão da Cássia Eller para “Malandragem” tocando bem alto no carro que o papai lhes deu.

Andréas Kisser e Junior Lima ao vivo.
Nem vi isso ao vivo, mas o ex-Sepultura conseguiu queimar o pouco de credibilidade que lhe restava ao chamar o irmão da Sandy para dividir o palco assassinando Jimi Hendrix.

Lobão na MTV
Seja com o disco acústico (que nem com jabá emplacou nas rádios) ou com o MTV Debate, o senhor João Luis vem conseguindo provar que seus dias ficaram para trás. Bem para trás.

"Vinhas, eu vou te buscar, tá sabendo?"


Especial MTV Estúdio Coca-Cola
Acho que esse é o nome do projeto que uniu NX Zero e Armandinho no mesmo palco para fazer versão ridiculocore de “Ursinho de Dormir” e juntou as nulidades Pitty e Negra Li para mostrar que nenhuma delas tem talento. No caso do combo Babado Novo/ CPM 22, dá para livrar a cara da Claudia Leite, que tem alguma “substância” (se é que me entendem). Só isso.



“Proibida Pra Mim”, com Zeca Baleiro.
Baleiro tem coisas muito interessantes, e eu gosto bastante de Vô Imbolá, seu segundo disco, porém seu terceiro CD, Líricas, é menos que apreciável. Há palavras menos adequadas e mais apropriadas para comentar esse cover, mas não vou usá-las sob pena de ter minha conta do Blogger suspensa. Eu sei, não há censura, mas eu teria que ser tão mal-educado e escroto para tentar definir o horror que é essa gravação, que o site seria obrigado a redefinir suas normas.



“Sozinho” na versão do Caetano Veloso
Não vou depreciar o trabalho do tal Peninha porque não o conheço, nem quero conhecer, e não compartilho da bronca generalizada com o Caetano porque simplesmente não o levo a sério. Mas essa gravação – juntamente com “Te Devoro”, do Djavan – ocupou durante anos o som ambiente de bares freqüentados por mulheres de trinta anos que moram sozinhas e se sentem independentes e se dizem “baladeiras”, mas no fundo ainda sonham com um príncipe encantado e ficam balançando a cabeça e suspirando ao som dessa canção. E se você gosta desse tipo de mulher, o problema é seu.
E se você é esse tipo de mulher, então nem passe na minha frente, por favor.

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5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"Tele Fome", Jota Quest.

Isso, SIM, é capaz de me tirar do sério. Mais, muito mais do que o atual elenco do meu Corinthians.

Que Rogério Flausino fique completamente surdo e morra disso. Ou morra de qualquer outra coisa, desde que seja lento e doloroso.

12:46 PM

 
Blogger André said...

"assim como não dava para escapar daquelas “quero-homem-mas-não-agùento-rôla” que saíam para a “balada” com a versão da Cássia Eller para “Malandragem” tocando bem alto no carro que o papai lhes deu."

Se tiver alguma votação de melhor post do ano, meu voto vai nesse com absoluta certeza. Obrigado ó Pai por atender minhas preces!!

Ah, e nesse combo Armandinho & NXZero também rolou um cover do Sublime. Isso sim foi de chorar.

2:39 AM

 
Anonymous Anonymous said...

porra, teve uma viagem que o Dary apelou. botou, em sequência, o dvd do pato fu e do engenheiros do hawaii... caralho...que viagem longa...

7:15 PM

 
Blogger André said...

e a "nanda" takai quis ou nao quis aparecer, invadindo o show do devo pra pegar a capa amarela da banda pra dar pro marido? Não podia ter feito isso depois, no backstage? Passe livre serve pra isso.

5:17 PM

 
Blogger Dodô Caricaturas said...

"Musica pau mole" foi foda. Tele-fome é terrivelmente horrível. Podia ter "amor i love you",da Marisa Monte.

8:41 PM

 

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