Um blog em todos os sentidos, com umas coisas escritas por Leonardo Vinhas. Tudo que representa o presente e reflete o passado, sem vaticínios futuros.

Thursday, December 06, 2007

Planeta Terror



Tem gente que nasceu para ser pau-no-cu (oquêi, eu poderia ser mais eloqüente e menos escatológico, mas... hoje não). Lendo as críticas sobre Planeta Terror, a metade mutilada do que seria uma sessão dupla com À Prova de Morte, no combo Grindhouse, pude chegar a essa tocante e mui necessária conclusão.
Robert Rodriguez fez um filme de homem para homens, de garoto para garotos, de fetichista para fetichistas. Isso quer dizer mulheres deslumbrantes em trajes reveladoras agindo como você gostaria que sua melhor amiga agisse, um herói outsider e canastrão (e meio pançudo), coroas legais que tem vários brinquedos possantes, mais mulheres infartantes (como diriam os argentinos), muito sangue de mentira, ação desmedida, um fiapo de história, vilões "sou-mau-mesmo", amputações... Hã, eu disse "amputações"? Pois é, e depois dizem que eu sou freak – não me ocorreu nunca uma fantasia sexual com uma mulher perneta com um taco de madeira acoplado ao coto, e o filme traz isso também...
Muitos se queixaram que Rodriguez só usou clichês, e até houve quem dissesse que ele "se baseou em referências universalmente conhecidas que não de fato não conhece a fundo". Quer dizer, o tipo moleque brasileiro que acha que realmente vivenciou a época dos cines grindhouse nos EUA. Mas é bem esse tipo de cara que chama Sin City de filme noir, sendo que o noir se caracteriza, entre outras coisas, por diálogos curtos e violência sugerida, não por verborragia e mutilações explícitas. Mas enfim...
Planeta Terror é uma festa só. Há muito não desfrutava de tanto prazer numa sala de cinema – também, aquela abertura com Rose McGowan alegra até eunuco emo. Dos créditos até às "falhas nos rolos" do filme, tudo sugere uma grande diversão sensorial e sem culpa, com a diferença de não ser um lixo sádico com pretensões psicológicas como a série Jogos Mortais nem um desfile de crueldades como aquelas nojeiras do Rob Zombie. É um filme de terror para quem gosta e para quem não gosta do gênero, é uma comédia, é um filme de ação, é exercício para cinéfilos... É do caralho!
É legal ver um elenco com tantos astros de filmes que nós já gostamos muito. Michael Biehn (o soldado salvador do primeiro Exterminador do Futuro) não tinha um papel tão legal desde que fizera Johnny Ringo em Tombstone – paradoxalmente, ele é o xerife aqui. Jeff Fahey, o "passageiro do futuro", está velho, acabado e divertidíssimo como o churrasqueiro J.T. Tem ainda o Mr. Hyde Josh Brolin (o rosto dele é pra lá de esquisito) como o médico psicopata, o herói gore Tom Savini como o policial Tolo e, até Carlos Gallardo (o "mariachi" original) dizendo "oi". Fora Bruce Willis como o coronel Muldoon, se divertindo em sua canastrice vilanesca.
Mais legal é o elenco feminino: entre Rose McGowan, uma clone da Uma Thurman e a até a Fergie, sobressaem-se as "Crazy Baby Sitter Twins", dos hermanas latinas loucas, caricatas, rechonchudinhas e muito, mas muito gostosas. Parece que são parentes do diretor. Se for, mais um (ou dois?) motivo para eu querer fazer parte da família.


Como a maioria dos espectadores, eu tenho a forte impressão que se a brincadeira tivesse se mantido intacta – Planeta Terror e À Prova de Morte juntos, mais os falsos trailers – eu teria me divertido ainda mais. Por outro lado, acho que Tarantino não tem o mesmo senso de diversão juvenil de Rodriguez, e seu lado meio macabro, somado ao sinistro Thanksgiving, de Eli Roth (que eu vi no YouTube e me atormenta o sono até hoje), deixariam um ar de desconforto ao final da sessão. Quer saber? Deixa assim. Se der, vou ao cinema ver esse "primeiro movimento" mais uma vez. Tinha saído de casa emputecido por uma briga conjugal e voltei calmo, sorridente e pronto para reconhecer até erros que não cometera. Houvesse mais filmes assim e as pessoas parariam de usar drogas, a paz reinaria nas famílias e viveríamos todos gordos e felizes.
Os críticos? Bem, o Millôr Fernandes já disse que o crítico é um impotente que ganha para estragar o orgasmo alheio. O popular "empata-foda". A crítica cinematográfica começa a ficar parecida com a musical...

Yo tomaría un trago con él... y con sus hermanitas!

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2 Comments:

Blogger André said...

O filme é do caralho sim. O lance é que tá mais pras tralhas da Cannon Group dos anos 80, aqueles filmes de terror e ação que saíam direto em vhs por aqui. O do Tarantino sim tá mais pra grindhouse.

A besta do Inácio Araújo fez a crítica mais preguiçosa de sua carreira. Devia devolver o cheque pra Folha, no mínimo.

E assista Death Proof. Não é tão insano, mas é muito, muito mais fetichista.

6:11 PM

 
Anonymous Anonymous said...

HAHAHAHA! Tô rindo até agora com "eunuco emo".

6:21 AM

 

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